Delegados recebem medalha na Ales

03-12-2021 – Afolhaonline.com

Em sessão solene realizada na noite de quinta-feira (2), na Assembleia Legislativa (Ales), delegados das Polícias Civil e Federal foram homenageados e aproveitaram o espaço para falar da luta pela estruturação e valorização das carreiras, aspectos importantes para o reconhecimento do trabalho por parte da população. Eles receberam a Medalha Delegado José Gilberto Barros Faria, voltada para quem se destaca na área.

Atualmente no Estado há 245 delegados da Polícia Civil na ativa e 141 aposentados, segundo números apresentados pelo deputado Delegado Danilo Banhiense (sem partido), proponente da solenidade. O parlamentar lembrou que a função, na época chamada de “chefe de polícia”, foi criada por D. Pedro II no Brasil Império, em 3 de dezembro de 1841, data lembrada até hoje. 

“São profissionais que já derem inúmeras contribuições trabalhando arduamente contra traficantes, assassinos e o crime organizado”, frisou sobre a atuação dos delegados. Ex-secretário de Estado de Segurança Pública, Adão Rosa lembrou que é do tempo em que todos os delegados eram comissionados, indicados politicamente. A transformação em cargo de carreira ocorreu em 1985.

De acordo com o delegado aposentado, a mudança ocorreu devido a esforços de órgãos de classe e integrantes da corporação. Na época da Constituinte estadual, ele ajudou a redigir o artigo 128, considerado a “certidão de nascimento da Polícia Civil” no Espírito Santo. Segundo Bahiense, “após a promulgação da Constituição, o secretário de Segurança foi instado a exonerar todo ‘bicho de orelha’ que era comissionado”, o que causou “rebuliço” devido aos vínculos políticos da época. 

O ex-chefe da PC considerou as alterações um grande passo para que a instituição pudesse se fortalecer. Ainda naquela ocasião, revelou ele, os delegados já apontavam que o futuro da classe estaria na política. “O tempo passou e isso se concretizou. Isso está materializado nessa reunião”, afirmou. “Essa visão que se teve no passado permitiu que chegássemos até hoje”, completou.

Valorização

O superintendente regional substituto da Polícia Federal no Espírito Santo, Leonardo Damasceno, reiterou que a instituições de polícia estão em aperfeiçoamento constante, o que deve refletir na valorização dos profissionais. “Essa estruturação da polícia judiciária é um processo, nós não paramos nunca, estamos sempre em evolução”, disse. “Valorização institucional representa valorização dos seus servidores”, completou. 

Já a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado, Ana Cecília Mangaravite, reforçou que a carreira simboliza a construção de um trabalho iniciado há muitos anos. “A luta pelo reconhecimento da carreira, pela manutenção das prerrogativas inerentes ao cargo é diária”, avaliou. Ela cobrou mais reconhecimento do Estado. “Merecemos ser mais bem valorizados pelo governo”, considerou. 

O delegado Rodolfo Laterza, que preside a Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol), foi mais um a pedir atenção do governo ao defender que o salário atual da classe está defasado. “A nossa carreira aqui neste estado tem um salário incompatível com a sua dignidade e seu merecimento”, salientou. Na opinião dele, os delegados estão dedicando suas vidas para a estabilidade institucional e social, embora o Estado tenha um passivo histórico com a categoria. 

Atuação

A Medalha José Gilberto Barros Faria distingue os trabalhos prestados por delegados que atuam no Espírito Santo. O reconhecimento do Parlamento capixaba e da sociedade foi um dos pontos relatados pelos participantes, conforme avaliou o prefeito de Vitória, delegado Lorenzo Pazolini (Republicanos/ES). 

“Onde nós chegamos, nós temos visto a felicidade das pessoas e a honra ao falar da Polícia Civil, liderada pelo delegado de polícia”, contou. “Hoje a instituição é digna, e principalmente, tem homens e mulheres honrados e abnegados que sabem o seu papel na sociedade”, disse ele, referindo-se ao respeito às leis e normas. “Isso fez com que nossa instituição desse um salto de qualidade”, afirmou.

Por outro lado, foram destacadas dificuldades e responsabilidades inerentes ao ofício. Representando a chefia da PC, o superintendente de Polícia Regional Norte, João Francisco Filho, ponderou que nem todos os dias são de “glória”. “Há dias que são difíceis na nossa carreira. Temos de tomar decisões difíceis. Nós temos colegas que perdemos em confronto, por doenças que são desenvolvidas ao longo da carreira”, pontuou.

A tomada de decisões diárias, sem margem de erros, também foi ressaltada pelo superintendente substituto da PF, Leonardo Damasceno. “É uma tomada de decisão constante. Casos difíceis, complexos, que geram cansaço, estresse. Entre os operadores de Direito, deve ser a carreira mais difícil porque é a carreira que toma decisão no momento que precisa ser tomada”, apontou.   

“(O delegado) tem que decidir na hora, não tem para quem ligar, não tem assessoria não, é ele que vai ter que fazer e arcar com as consequências. Se por ventura se equivocou (…) ele vai ter que se explicar”, reforçou Adão Rosa, primeiro delegado a ser secretário de Segurança no Espírito Santo. 

Compuseram também a mesa de autoridades o superintendente da Polícia Técnico-Científica, Renato Júnior; o superintendente de Polícia Regional Noroeste, delegado Landulpho Lintz; e o superintende de Inteligência e Ações Estratégicas da PC, delegado João Calmon.