Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam
que, no Espírito Santo, dos 2,9 milhões de eleitores quase 400 mil fazem parte
daquele grupo que pode votar mas não é obrigado por lei – é o chamado voto
facultativo. Esse é o caso dos analfabetos, idosos a partir de 70 anos e jovens
de 16 e 17 anos. O número pode fazer a diferença no processo eleitoral, tendo
em vista que representa 13,5% do eleitorado capixaba.
No estado, são mais de 100 mil analfabetos, 27 mil jovens de 16 e 17 anos
e mais de 260 mil idosos acima dos 70 anos que estarão aptos a votar nessas
eleições. O TSE tem apostado em campanhas sobre a valorização do voto,
especialmente para os jovens que irão exercer esse direito pela primeira vez.
Jovens
A estudante Ana Clara Lopes de Barros, de 17 anos, explica sua participação nas
eleições: “Mesmo sabendo que na minha idade o voto é facultativo, eu escolhi
tirar meu título porque acho importante a presença e a atuação do jovem nas
decisões políticas e sociais do meu país. Acho legal porque, além de nos
sentirmos incluídos, também já começamos a entender melhor sobre quem queremos
que nos represente”, afirma.
A estudante fala sobre o perfil político que vai orientar o seu voto: “Como
jovem, eu vejo que nós, que vamos votar pela primeira vez, procuramos muito um
candidato que realmente se importe com a educação, que é a base de tudo. A
escola molda, em grande parte, quem vamos ser no futuro e o caminho que
desejamos seguir, além de ser um dos lugares em que mais passamos nossa
adolescência”, opina.
O engajamento social e a adoção de políticas públicas inclusivas também
preocupam a jovem eleitora. “Enxergo que a minha geração é uma geração que luta
muito pelo social, militamos e exigimos justiça pelas minorias; então, além de
tudo, esperamos o mínimo de um candidato que respeite as mulheres, os pretos,
homossexuais, entre outros”, complementa.
Ana Clara acredita que é possível fazer escolhas de candidatos que representem
os jovens. “São pessoas que entraram novas nesse ramo e conseguem entender a
necessidade da educação para transformar a sociedade, para mim os jovens
possuem a mente mais aberta e, por isso, sua atuação é fundamental para
ocupar os espaços de poder”, analisa.
Apesar de aprovar a participação de jovens de 16 e 17 anos no processo
eleitoral, a estudante concorda com os critérios que proíbem pessoas nessa
idade de se candidatarem. “Para mim não convém um menor de idade se candidatar
como um político, acho justo podermos participar ativamente votando, debatendo,
estudando e conhecendo a política; acho que nessa faixa etária somos muito
novos e muitas das vezes nem saímos da escola”, argumenta.
“Sem contar os que não tiveram a oportunidade de estudar, por mais que sejamos
uma geração mais ligada aos problemas sociais e que anseia por soluções, não
temos a mesma mentalidade, discernimento, maturidade e conhecimento de quem já
saiu do ensino básico e responde como um adulto”, finaliza.
Idosos
O engenheiro aposentado Josimar Nitz, de 75 anos, também acha importante a
participação de pessoas da sua faixa etária no processo eleitoral. Ele entende
que deixar de votar seria permitir que outras pessoas decidam por ele quem irá
governar. “Quem toma essa decisão terá de aceitar aquilo que os outros decidiram
por ele. Nunca deixei de votar e espero continuar votando enquanto puder
comparecer às eleições”, diz.
Josimar lamenta a falta de representatividade dos idosos nas decisões
importantes do país. “Sinto que os idosos não são levados em consideração como
deveriam ser, principalmente pelo fato de desprezarem o conhecimento que um
idoso adquiriu em toda a sua vida. Certos cargos de muita responsabilidade
deveriam ser exercidos por pessoas capazes, com idade mais avançada”, opina.
O aposentado procura analisar com calma as propostas antes de fazer suas
escolhas, observando os critérios que são importantes em seu ponto de vista,
mas ultimamente tem optado por fazer o voto em um único partido. “Sempre
procurei votar nos melhores candidatos, mas, com o acirramento da campanha,
decidi votar em um partido”, conclui.