Neste ano, o movimento
Janeiro Branco, de conscientização sobre a saúde mental, traz o tema A vida pede equilíbrio. A iniciativa promove a reflexão e a renovação de ações e
pensamentos para o ano que se inicia. O objetivo é alertar para os cuidados com
a saúde mental da população a partir da prevenção das doenças decorrentes
do estresse, incluindo os transtornos mentais mais comuns, como ansiedade,
depressão e pânico.
A psicóloga Marluce Mechelli de Siqueira explica
que o corpo – em seus aspectos mental, físico, social e espiritual – precisa
estar em equilíbrio. “Precisamos que a nossa respiração, batimentos cardíacos,
pressão, temperatura, estados emocionais, se mantenham constantes”. Ela
completa que a desregulação e o desequilíbrio decorrem, muitas vezes, do fato
de dedicarmos muito tempo em determinada área da vida, negligenciando as demais.
Perceber o desequilíbrio nem sempre é simples. A
psicóloga pontua que o problema pode ser notado quando o indivíduo observa que
“vivendo uma vida que não é a sua”, sente que está resolvendo “urgências e
tarefas” importantes para os outros, mas não para si e, por isso, sente-se
“cansado, estressado e (des)motivado” a maior parte do tempo.
Sinais
É muito importante que as pessoas busquem a
orientação de um profissional de saúde logo no início dos
sintomas. Marluce Siqueira enumera quatro sinais de alerta de que é
preciso buscar ajuda:
O problema, segundo a
psicóloga, é justamente a capacidade de identificar os sinais de que algo não
vai bem. “A iniciativa de procurar um profissional da saúde mental,
infelizmente, costuma ser demorada, pois muitas pessoas e famílias ainda
têm dúvidas sobre o caso e o momento para ter ajuda especializada, retardando a
intervenção e aumentando as complicações tanto individuais como coletivas.”
Marluce destaca, ainda, que a saúde mental costuma
receber menos atenção do que a saúde física. Isso porque costumamos estar mais
atentos aos sinais físicos, como dor de cabeça, tosse e espirro, por exemplo.
Já os sinais mentais, como tristeza, isolamento e choro, aponta, costumam ser
negligenciados.
Estimativa feita com
base na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) aponta que 25% da população do
Espírito Santo convive com algum tipo de transtorno mental. Isso
equivale a cerca de 1 milhão de pessoas, considerando-se a população do
estado para 2020, estimada em pouco mais de 4 milhões de habitantes.
O número, fornecido pela Secretaria de Estado da
Saúde (Sesa), é determinado com base na PNS, inquérito de saúde de base
domiciliar realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa traz informações sobre
as condições de saúde da população e é usada para elaboração de políticas
públicas.
Ainda conforme as estimativas, cerca de 10% da
população adulta do estado apresenta algum tipo de transtorno mental que
necessita de tratamento intensivo, em torno de 5,8% da população apresenta
transtornos depressivos, 9,3% apresentam transtornos de ansiedade e 1% tem
esquizofrenia.
Onde
buscar ajuda
Os sintomas de saúde mental comprometida não
desaparecem naturalmente. É preciso buscar apoio médico. Entretanto, nem sempre
os indivíduos que estão com essas questões sabem como proceder.
“O problema é que esse indivíduo não sabe
exatamente o que tem e nem a gravidade do seu problema. Algo que poderia ser
simples de ser resolvido é negligenciado e passa a afetar de forma mais severa
a vida dele e dos que estão próximos”, pontua Marluce Siqueira.
O primeiro passo para conseguir ajuda, segundo a
Sesa, é buscar atendimento na Unidade Básica de Saúde da região onde se reside,
a fim de que seja realizado o acompanhamento pelas equipes de Saúde da Família,
além dos encaminhamentos, quando necessário, para o atendimento especializado
nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
Já em caso de surto psiquiátrico, é preciso
acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) para ser
encaminhado ao atendimento de urgência e emergência mais próximo.
Em 2021, foram realizados mais de 442 mil
atendimentos psicossociais, psicológicos e atendimentos na especialidade de
psiquiatria pelo Sistema Único de Saúde (SUS), somando as redes municipais e
estadual. Em 2022, de janeiro até outubro, foram 308.190 atendimentos
psicossociais, psicológicos e da especialidade de psiquiatria.
Caps
A Sesa informa que, por meio da implementação da
Rede de Atenção Psicossocial (Raps) do Espírito Santo, está prevista a
elaboração de editais para financiar a construção de 23 novos Caps nos
municípios, a partir deste ano. Atualmente o Estado mantém três Caps,
estruturas que são referência no tratamento para pessoas adultas que sofrem com
transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros.
São eles: o Caps Cidade, localizado no Centro
Regional de Especialidades (CRE), em Jardim América, e o Caps Moxuara, ambos em
Cariacica; além do Caps Cachoeiro, localizado no município de Cachoeiro de
Itapemirim, na Região Sul do estado.
Anualmente, o Caps Cidade atende um total de 332
pessoas; o Caps Cachoeiro realiza o acompanhamento de cerca de 400 pacientes; e
o Caps Moxuara atende 278 pessoas. Nesses serviços, os pacientes têm
assistência periódica, de acordo com o Projeto Terapêutico Singular (PTS),
incluindo atendimentos individuais e coletivos. Fonte ALES e arte Sesa.