Ales homenageia setor cafeeiro

17-12-2021 – Afolhaonline.com

Vinte e seis pessoas ligadas à cadeia produtiva do café no Espírito Santo foram homenageadas em sessão solene realizada na tarde desta sexta-feira (17) na Assembleia Legislativa (Ales). Elas receberam a Comenda Dário Martinelli, que leva o nome de um político e produtor rural capixaba, morto em 2015, e que é considerado o “pai do café conilon” no estado.

Proponente do encontro, a deputada Raquel Lessa (Pros/ES) trouxe informações que ilustram a importância da produção do setor cafeeiro para o Espírito Santo e para o país. “Há mais de 150 anos o Brasil é líder absoluto na produção de café. É o maior exportador e o segundo maior consumidor, atrás apenas dos Estados Unidos”, afirmou

Ela ainda disse que dados de 2019 apontam que o estado possui 56 estabelecimentos industriais ligados à cadeia produtiva do café, o que representa 4,7% do total em nível nacional. Além disso, observou que, segundo o Sindicato da Indústria do Café do Espírito Santo (Sindcafé), a produção capixaba em 2020 foi de 13,6 milhões de sacas (9,1 milhões de conilon), o que corresponde a 22,1% da produção brasileira.

Durante a sessão aconteceu a entrega das comendas. Em nome dos homenageados falaram Eduarda Buaiz, diretora-geral da Buaiz Alimentos, e Ana Fabíola Gomes Martinelli, filha de Dário Martinelli. “A contribuição que meu pai deu foi além do que ele esperava. Sempre se preocupou mais com o bem comum do que com ele. (…) Papai acreditou no café conilon”, recordou.

Aposta no conilon

Dona Célia Martinelli, viúva de Dário Martinelli, falou que o marido estudou bastante o café tipo conilon e acreditou que o produto, antes desprezado, poderia ser tratado e bebido pelas pessoas. “Ele convenceu as pessoas que era mais resistente que os outros tipos. Começou a dar certo, todo mundo se animou e hoje está aí. (…) Antes servia só para mistura, hoje é tomado puro e é saboroso”, ressaltou.

Defesa do setor

O presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Márcio Cândido Ferreira, assegurou que tem como missão defender os cafeicultores capixabas. Ele lembrou que em 2019, por conta dos efeitos da estiagem no estado, ocorreram tentativas de importação de café de outros países e que foi preciso uma intervenção junto ao governo federal. “Defendi os produtores em Brasília junto ao então ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e provei a não necessidade de importar café”, enfatizou.

Já o superintendente do Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Café (Cetcaf), Frederico de Almeida Daher, contou que era um grande amigo de Dário Martinelli. “Ele era muito dedicado e foi presidente da nossa instituição por 20 anos. Adentrava o interior entusiasmando os produtores. Ele falava com força e deixava a gente contagiado”, exaltou.

Além de Célia Martinelli, Márcio Ferreira e Frederico Daher, formaram a mesa da solenidade o prefeito de Governador Lindenberg, Leonardo Finco (Cidadania); o vice-prefeito de Vila Pavão, Tuila (Pros); o vice-prefeito de Alto Rio Novo, Manoel Pururuca (MDB); o presidente Câmara de Vereadores de Alto Rio Novo, Bidim Cristo (PSB); o secretário de Agricultura de Vila Valério, Wender Muller; e o subsecretário da Casa Civil para Relações Institucionais, Marcos Marinho Delmaestro.

Comenda Dário Martinelli

Instituída pela Resolução 5.291/2018, de autoria da ex-deputada Luzia Toledo (MDB/ES), a Comenda Dário Martinelli é concedida àqueles que se destacam em atividades ligadas ao setor cafeeiro. Considerado o “pai do café conilon”, Dário teve atuação importante na superação da crise provocada no Espírito Santo na década de 1960 pelo programa de erradicação do café do governo federal e também no desenvolvimento do café conilon no estado.

Ele nasceu em Santa Teresa, em 1933, e começou sua trajetória política no final da década de 1960 como vereador em São Gabriel da Palha. Exerceu o cargo de prefeito do município por dois mandatos. Foi também deputado estadual, tendo falecido em setembro de 2015.