Demanda ambiental deve influenciar a construção civil em 2024

As decisões das empresas do setor sobre como agir nas obras do ano que vem

A preservação do meio ambiente deve ser uma das principais pautas das obras de construção civil para o ano de 2024. Ainda que seja um tema que já tenha apresentado crescimento em sua relevância há alguns anos, o cenário global tem exigido mais atenção do setor produtivo. O relatório da Organização Mundial Meteorológica (OMM) lançado no final de novembro deste ano mostra, por exemplo, que 2023 deve ser o ano mais quente da história, com aumento de 1,4° na temperatura da Terra em relação aos níveis pré-industriais, superior a 2016, que sustenta atualmente a marca com aumento de 1,2°C nos termômetros. Além disso, os próprios consumidores estão mais atentos sobre como o setor empresarial se comporta quando o assunto é sustentabilidade ambiental.

Prova disso é a pesquisa “Sustentar para ganhar”, promovida pela Kantar, e que revelou que a porcentagem de consumidores ativamente sustentáveis cresceu de 14% (em 2022) para 18% em 2023 na América Latina. No mundo, esse número também teve aumento de 18% no ano passado para 22% no atual.

“O consumidor tem percebido, em diferentes âmbitos, a necessidade de defender uma produção mais sustentável e passa a cobrar mais isso das empresas. Além disso, o aumento na temperatura da Terra já é uma consequência de anos sem a devida preocupação com a preservação da natureza. A construção civil, como parte do setor produtivo, também precisa dar as suas respostas para minimizar os danos ao meio ambiente”, opina o engenheiro civil Maurício Wildner da Cunha, da Construtora Andrade Ribeiro.

Sustentabilidade em todas as fases da obra

Por isso, segundo o engenheiro civil, quem sai na frente são as construções que estabelecem metas de redução de impactos no meio ambiente desde o início até o fim das obras. E mesmo após a conclusão, o empreendimento precisa entregar, por exemplo, eficiência energética ao consumidor e oferecer estruturas que priorizem a preservação ambiental. “Reduzir consumo de energia e de água pode influenciar tanto o consumidor na hora da compra quanto o impacto sobre a natureza”, avalia o engenheiro.

Edifícios com obras já entregues pelas empresas e que favoreçam, por exemplo, o uso da luz e da ventilação natural são algumas das tendências que já podem ser observadas nas obras da construção civil e que devem ser intensificadas. “E isso vale tanto para os empreendimentos comerciais quanto para os residenciais. Afinal, o consumidor quer trabalhar e morar em locais que estejam nessa vanguarda”, afirma Cunha.

Outra característica que pode ser observada cada vez mais nas obras são as áreas comuns que também agreguem características de sustentabilidade. Entre elas o engenheiro cita áreas verdes junto aos empreendimentos, jardins para convivência entre os usuários, bem como espaços e equipamentos para veículos que utilizem combustíveis fósseis, como é o caso de bicicletas e carros elétricos. Neste último caso, vale citar que, no primeiro trimestre de 2023, segundo a Associação Brasileira de Veículo Elétrico, houve crescimento de 58% na quantidade desses automóveis no Brasil na comparação com o ano passado. “Isso mostra mais uma demanda da sociedade que a construção civil precisa estar atenta para investir”, diz o engenheiro.

Edifícios na vanguarda

Em Curitiba, dois edifícios já reúnem essas características. Um deles é o AR 3000, da Construtora Andrade Ribeiro, que está localizado no bairro Juvevê. O prédio comercial recebeu a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) Platinum, concedida pela GBC, instituição que avalia os empreendimentos sustentáveis. O selo é o mais alto concedido pelo órgão e mostra a eficiência da obra na diminuição do consumo de água e energia, além da redução na produção de resíduos e de CO2.

O empreendimento possui fachada envidraçada com proteção solar, o que possibilita menor entrada de radiação ultravioleta, além de bloquear a incidência de calor e colaborar com a economia de energia. A fachada do edifício apresenta também aberturas do tipo Maxim-Ar, que proporciona melhoria na circulação de ar e na luminosidade do espaço. O empreendimento possui, ainda, renovação de ar automatizada. Outra característica é o bicicletário do edifício, uma área que permite aos trabalhadores do local a utilização de um veículo individual e que não usa combustível fóssil.

O outro empreendimento é o Seventy Upper Mansion, também da Andrade Ribeiro e que fica na região do Ecoville, em Curitiba. O edifício possui como uma das características um bosque com mata nativa preservada dentro do condomínio, o que, além de garantir a preservação ambiental, também permite melhoria no bem-estar e qualidade de vida dos moradores. Além disso, o empreendimento prioriza a luz natural nos ambientes, com esquadrias que vão do piso ao teto e área envidraçada, o que diminui o uso de energia elétrica. Outra característica é que a garagem do edifício possui equipamentos para que os moradores possam carregar automóveis elétricos, outro fato que diminui o uso de derivados de petróleo.