Deputados do ES avaliam restrições anunciadas pelo governo

16-03-2021 – Afolhaonline.com

O anúncio feito pelo governador Renato Casagrande (PSB/ES) sobre a adoção de medidas restritivas à circulação de pessoas a partir de quinta-feira (18), em todo o estado, como forma de conter a  contaminação pelo coronavírus e as mortes causadas pela Covid-19, foi o principal assunto abordado pelos deputados nesta terça-feira (16), durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa (Ales).

A deputada Iriny Lopes (PT/ES) comentou a preocupação com a vida humana e defendeu o lockdown e a suspensão das aulas presenciais. A parlamentar apoiou a decisão do governador de decretar 14 dias de quarentena, mas avaliou que ainda é período insuficiente para frear os estragos causados pela doença que já matou mais de 6.700 pessoas no estado. Ela espera que o monitoramento desses 14 dias possa dizer se terá ou não a eficácia esperada. “Nós estamos com 90% dos leitos ocupados e nosso sistema colapsou e a colaboração da sociedade deixa a desejar. Acho que a propaganda sistemática do governo federal contra o uso de máscara, contra o distanciamento social, considerar um vírus como esse como uma ‘gripezinha’, desconhecer e desprestigiar a ciência. Tudo isso vem colaborando com a situação que já é grave”, pontuou.

Quarentena

A deputada Janete de Sá (PMN/ES) esclareceu que as medidas anunciadas pelo governador visam proteger as pessoas, tendo em vista o aumento de contaminados e de mortes, além da falta de UTIs no estado e no Brasil. Ela destacou entre as medidas a proibição das aulas presenciais e limitação da circulação de pessoas.

“Essa atitude é necessária, apesar de ela ser difícil, de o país não aguentar tanta paralisação por conta dessa doença, de o Espírito Santo ter tantas dificuldades com todas essas paralisações no setor do comércio, da indústria, de bares e restaurantes, lojas, mas ela é necessária. Porque quando a doença vier e te levar a uma dificuldade respiratória e você procurar uma UTI e não ter um leito hospitalar para te abrigar, você vai morrer. É pra não acontecer o que aconteceu em Manaus, em Santa Catarina, em Rondônia, que o governador está tomando esta atitude dramática”, defendeu Janete.

O deputado Sergio Majeski (PSB/ES) voltou a lembrar o início da pandemia, há 1 ano, e alertou que, se não forem cumpridas as medidas de segurança, o cenário tende a piorar. Para ele, o fechamento é a única saída, ainda que se trate de medida amarga. O parlamentar voltou a pedir auxílio para os micros e pequenos empresários e aos mais pobres, sob pena de a situação ficar ainda pior do que está. “Há pessoas passando fome”, lembrou.

Coronavírus

O deputado Pr. Marcos Mansur (PSDB/ES) disse que não é negacionista. “Infelizmente, o vírus corona e a Covid-19 é uma realidade. É uma praga que veio da China, é uma peste. Nós estamos num cenário de guerra mundial, uma devastação mundial sem armas físicas ou nucleares, mas é uma arma biológica. Na minha opinião, esse vírus foi estrategicamente fabricado e espalhado pelo mundo pela China. A China quebrou as pernas do mundo e está vendendo as muletas, as seringas, as agulhas, as máscaras, os imunizantes”, avaliou.

Para ele, a grande mídia está criando uma cortina de fumaça para evitar tocar no assunto. “Não se fala mais no vírus maligno da China, mas em variantes brasileira, italiana, britânica para tentar encobrir a verdadeira origem e os culpados desse caos mundial”, disse.

Mansur ainda avaliou que as medidas impopulares anunciadas pelo Executivo têm reflexos negativos para vários setores, no entanto, disse que espera que os segmentos recebam o auxílio prometido. “Mas cabe uma palavra de ânimo, de elogio ao governador, porque eu ouvi que também o estado tomará medidas econômicas para assistir os setores mais afetados das atividades econômicas do estado”, ponderou.

Os deputados Freitas (PSB/ES), Marcos Madureira (Patri/ES), Luciano Machado (PV/ES), Bruno Lamas (PSB/ES), Delegado Danilo Bahiense (sem partido) e Emilio Mameri (PSDB/ES) defenderam e elogiaram as medidas tomadas hoje pelo governador Renato Casagrande ao decretar a quarentena.

Polêmica

O deputado Torino Marques (PSL/ES) fez um discurso contundente contra as medidas anunciadas. “Hoje é um dia que considero muito triste em nossa história. Aliás, mais um registro entristecedor contra os direitos constitucionais de nosso povo. Mais uma quarentena, lockdown, foi anunciada para supostamente conter o avanço do coronavírus, o vírus chinês, onde começou, e suas variantes”, criticou.

Torino ainda citou artigos publicados na revista científica Nature, que, segundo ele, revelam não haver relação entre a restrição de circulação de pessoas e a redução de mortes pela Covid. Ainda citou estudos, inclusive do Brasil, que contestam dados sobre isolamento e fechamento de escolas.

“Segundo a OMS a imunização das pessoas é o único caminho verdadeiramente eficaz e o Brasil está na sexta posição mundial de vacinação da população. Diferente do que os abutres ficam narrando por aí, nosso país, pelo Plano Nacional de Imunização do governo federal, conseguiu ficar à frente de todos os países europeus”, disse ao defender ainda o tratamento precoce.

Repúdio

O deputado Bruno Lamas leu durante a sessão uma nota de repúdio à manifestação de um grupo realizada no último domingo (14) em frente à residência de Anna Venturim Casagrande, de 88 anos, mãe do governador Renato Casagrande. O documento foi submetido ao Plenário e aprovado pela maioria dos parlamentares para ser publicado no Diário do Poder Legislativo (DPL). Os deputados Capitão Assumção (Patri) e Torino Marques (PSL) se manifestaram contrariamente ao documento.

A nota destaca que o ato cívico teve palavras e atitudes agressivas e ofensivas, que avançaram sobre a intimidade e vida privada da vítima, causando-lhe violência psicológica. O documento lembra que a vítima é mulher e pessoa idosa, e cita a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).

“Buscaremos sempre abolir a impunidade e acabar com todas as formas de violência praticada contra a mulher, como ocorreu no evento ocorrido no último domingo na porta da residência da senhora Anna Venturim Casagrande. Reiteramos que continuaremos lutando para que ações aflitivas como essa, que causam dor e sofrimento psicológico à mulher idosa, não continuem ocorrendo em nosso país”, diz a nota.

Fonte ales.