Queda de presidente da Petrobras e preços dos combustíveis repercutem nos discursos em Plenário

20-06-2022 – Afolhaonline.com

A Petrobras foi o tema principal dos discursos no Plenário da Câmara dos Deputados na sessão desta segunda-feira (20), data da renúncia do presidente da estatal, José Mauro Coelho, após críticas sobre o sucessivo aumento de preços dos combustíveis.

Diversos parlamentares criticaram a política de preços da Petrobras atrelada aos preços internacionais, o chamado preço de paridade de importação (PPI), e a atuação do governo federal, que tem voto majoritário no conselho da estatal e é responsável pela indicação do presidente da Petrobras.

O deputado Enio Verri (PT-PR) avaliou que a saída de Mauro Coelho não vai afetar a decisão de subir os preços nas bombas. “O preço do combustível hoje não está ligado de maneira nenhuma à administração da Petrobras. A política de preços de paridade internacional nada mais é do que uma política indicada pelo presidente da República e pelo seu ministro da Economia, Paulo Guedes”, criticou.

O deputado Célio Moura (PT-TO) disse que os parlamentares já sabiam que projetos votados no Congresso para diminuir impostos dos combustíveis não teriam efeito no preço ao consumidor diante da política de preços. “Mesmo votando a favor, sabíamos que baixar os impostos dos estados não iria funcionar”, declarou.

O deputado Fábio Trad (PSD-MS) afirmou que o governo é o responsável pela crise. “Quem escolhe o presidente da empresa e a maioria do conselho deliberativo é a Presidência da República. Portanto, de nada adianta mudar o presidente da estatal, de nada adianta mudar a maioria do conselho deliberativo. É preciso mudar a política da formação de preços dos combustíveis”, disse.

Para o deputado Professor Israel Batista (PSB-DF), o presidente Jair Bolsonaro tem sido omisso na busca de soluções para o aumento dos preços de combustíveis. “O presidente tenta se desvincular do problema. Ele diz que não tem nada a ver com os aumentos e vai criando um verdadeiro teatro, vai criando cortinas de fumaça”, criticou.

Israel Batista disse que apenas Bolsonaro poderia propor a mudança na política de preços e outras alternativas. “Poderia propor a criação de um fundo de estabilização de preços; poderia propor a criação de um teto de preços; poderia propor a adoção de estoques reguladores; poderia fazer o básico que um presidente precisa fazer, que é conceder estabilidade política ao País para que o real se valorize diante do dólar”, exemplificou.

Criação de CPI

A decisão da Petrobras de autorizar novos reajustes nos preços dos combustíveis mesmo após a votação de propostas buscando reduzir os preços na bomba foi duramente criticada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Os líderes partidários discutem a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar os preços da estatal.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que vai defender a criação de uma CPI da Petrobras para esclarecer a definição de preços e avaliar o lucro dos acionistas. “Eu tenho certeza de que essa CPI muito provavelmente vai culminar pedindo a privatização da Petrobras. Não faz sentido manter uma estatal se ela não tem um olhar social para com a população brasileira”, afirmou.

Eduardo Bolsonaro rebateu as críticas da oposição, afirmando que qualquer investida do presidente da República contra a política de preços seria também criticada. “Já vimos, no passado, quando Dilma Rousseff tentou na canetada baixar o preço do combustível, o problema que ocorre depois”, alertou.

Fonte: Agência Câmara de Notícias