Redução salarial dos deputados terá tramitação normal

06-05-2020 – Afolhaonline

Os deputados estaduais  do ES rejeitaram por 23 votos contra 6 na sessão ordinária virtual de hoje (quarta-feira (6) da Assembleia Legislativa (Ales) o requerimento de urgência do Projeto de Lei (PL) 214/2020, de Luciano Machado (PV). A matéria possui como objetivo reduzir em 30% a remuneração dos parlamentares enquanto durar o estado de calamidade pública decorrente da pandemia do novo coronavírus. Com a rejeição, a matéria segue agora tramitação normal pelas comissões da Casa.

Antes da votação o autor da proposição apresentou seus argumentos a favor da iniciativa. De acordo com o Luciano a ideia era repassar esses recursos para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). “É uma crise econômica mundial, o Estado vai perder R$ 3 bilhões. Cortar na própria carne é um estímulo para mais pessoas porque muitas falam que os políticos pedem isolamento, mas estão recebendo os seus salários. Seria uma ação muito boa da Assembleia, não é para fazer gracinha com o dinheiro dos colegas”, explicou.

Enivaldo dos Anjos (PSD) disse que discordava do texto da proposta porque não incluía membros de outros Poderes como o governador, desembargadores, procuradores de Justiça e conselheiros. “É um projeto para fazer demagogia, se fosse para ajudar teria que colocar todos os Poderes. Se a gente aprova o Orçamento de todos os Poderes a gente pode fazer isso também. Não pode querer jogar para a plateia neste momento”, justificou.

Vários parlamentares destacaram a importância da proposição, mas que ela tem um caráter inconstitucional. Luciano, entretanto, ressaltou que a inconstitucionalidade ocorreria apenas se estendesse a medida para os outros Poderes. “Em São Paulo os deputados já votaram a redução”, salientou.

O presidente Erick Musso (Republicanos) frisou que a Casa já vinha reduzindo custos e ampliando a transparência dos seus atos desde a gestão do ex-presidente Theodorico Ferraço (DEM). “Temos o menor custo de deputado por país. Nossa verba de gabinete é de R$ 3,5 mil, enquanto do Rio de Janeiro é de R$ 23 mil. Ferraço devolveu quase R$ 30 milhões para o ex-governador Paulo Hartung. A Casa tem sido efetiva para manter o equilíbrio fiscal e econômico do Estado”, garantiu.

Após a derrubada da urgência diversos deputados pediram a palavra para justificar seus respectivos votos. Sergio Majeski (PSB) lembrou que Torino Marques (PSL) tinha sido o primeiro a ventilar a ideia do corte no salário junto aos colegas e que Luciano havia apresentado o projeto sem falar com os pares. “O bom exemplo com o dinheiro público tem que ser dado permanentemente, minha assessoria é reduzida. Os deputados têm os mesmos salários, mas não têm os mesmos gastos”, ressaltou.

Euclério Sampaio (DEM) fez coro com as palavras de Majeski. “Bom exemplo a gente dá durante toda a vida”, reforçou. Ele ainda defendeu que não era prerrogativa de deputado propor aumento ou redução da remuneração, mas da Mesa Diretora. Também disse que estava analisando a possibilidade de repassar 30% do seu salário para o Asilo dos Velhos de Vitória.

Já o Delegado Lorenzo Pazolini (Republicanos) e Capitão Assumção (Patriota) falaram que apoiavam o projeto, mas que votaram contra o pedido de urgência pela resistência do autor em acatar emendas que ampliavam a redução salarial para membros de outros Poderes. “Sou a favor da redução, mas votei contra a urgência porque todos os Poderes têm que estar empenhados. Eu iria apresentar emenda para incluir o governador, a vice e os secretários. Do jeito que foi feito é casuístico e oportunista”, disparou o segundo.

Quem também se manifestou sobre o assunto foi Doutor Hércules (MDB). Ele destacou que já havia protocolado indicação sugerindo o corte no salário dos parlamentares e indicações com outras medidas. “Sugeri a suspensão do contrato dos veículos e da verba de gabinete. Mandei debitar os gastos no telefone na minha conta pessoal”, afirmou. 

Também abordaram o tema os deputados José Esmeraldo (MDB), Janete de Sá (PMN), Marcos Garcia (PV), Dary Pagung e Bruno Lamas (ambos do PSB), Iriny Lopes (PT), Gandini (Cidadania) e Renzo Vasconcelos (PP).

Fonte ales do es.