Expectativa é de julgamento no STF ser realizado em setembro. foto VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
VA Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta segunda-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais sete réus do núcleo 1 da trama golpista.
A manifestação foi enviada ao ministro Alexandre de Moraes, por volta das 23h45, e faz parte das alegações finais, a última fase antes do julgamento dos acusados, que deve ocorrer em setembro deste ano.
No documento, que tem 517 páginas, o procurador-geral, Paulo Gonet, defende que Bolsonaro e os demais réus sejam condenados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
As penas máximas para os crimes passam de 30 anos de prisão.
Além de Bolsonaro, a PGR pediu a condenação dos seguintes réus:
Walter Braga Netto, general de Exército, ex-ministro e vice de Bolsonaro na chapa das eleições de 2022;
General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência – Abin;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa;
Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Em caso de condenação, Cid deverá ter a pena suspensa devido ao acordo de delação premiada assinado com a Policia Federal (PF) durante as investigações.
Bolsonaro
Na manifestação, o procurador-geral descreveu o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro na trama golpista.
Segundo ele, Bolsonaro figura como líder da organização criminosa e foi o “principal articulador e maior beneficiário” das ações para tentar implantar um golpe de Estado no país em 2022.
Nas palavras de Gonet, o ex-presidente instrumentalizou o aparato estatal e operou em “esquema persistente” de ataque às instituições públicas e ao processo sucessório após o resultado das eleições presidenciais.
“Com o apoio de membros do alto escalão do governo e de setores estratégicos das Forças Armadas, mobilizou sistematicamente agentes, recursos e competências estatais, à revelia do interesse público, para propagar narrativas inverídicas, provocar a instabilidade social e defender medidas autoritárias”, disse o procurador.
Próximos passos
Com a apresentação da manifestação da PGR, começa a contar o prazo de 15 dias para que a defesa de Mauro Cid, delator na investigação, apresente suas alegações finais ao STF.
Em seguida, será a vez das defesas dos réus apresentarem suas alegações no mesmo prazo.
Após receber todas as manifestações, a data do julgamento será marcada pela Primeira Turma da Corte.
Nos bastidores do STF, a expectativa é de que o julgamento seja realizado em setembro deste ano. fonte ANDRÉ RICHTER – REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL
Os interessados poderão fazer a inscrição no período de 14 a 25 de julho de 2025, mediante o pagamento da taxa de R$ 85,00. foto senado federal
O Ministério da Educação (MEC) abriu o calendário oficial da Prova Nacional Docente (PND), exame que visa apoiar a formação e seleção de professores para a educação básica. Os interessados poderão fazer a inscrição no período de 14 a 25 de julho de 2025, mediante o pagamento da taxa de R$ 85,00. O edital foi publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no dia 17 de junho de 2025.
A aplicação da prova está marcada para 26 de outubro de 2025 e será realizada pelo Inep em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. O resultado individual está previsto para ser divulgado em 12 de dezembro de 2025.
A prova será composta por três partes: – 30 questões objetivas de Formação Geral Docente (FGD) – 1 questão discursiva sobre temas educacionais e pedagógicos – 50 questões objetivas da área específica de atuação do candidato.
Poderão participar da prova estudantes que estejam cursando licenciatura, profissionais com licenciatura completa ou candidatos com formação pedagógica voltada à docência.
O resultado da PND terá validade de três anos. A pontuação poderá ser usada por redes públicas de ensino como etapa única ou complementar em concursos públicos ou processos seletivos para a contratação de professores.
Os estados que já confirmaram adesão são: Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
ATENÇÃO: O município de Colatina (Espírito Santo) também já fez adesão à Prova Nacional Docente (PND).
Patamar demonstra satisfação do consumidor. Além disso, o indicador do Espírito Santo ficou acima das médias nacional e do Sudeste. foto Pexels.
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) capixabas de junho alcançou o segundo maior patamar para o mês desde o início da série histórica, em 2015, com 102,3 pontos (acima de 100 é considerado satisfatório), atrás apenas de junho de 2024 (108,7). O resultado sinaliza uma trajetória consistente de recuperação da confiança e da disposição para consumir, após os expressivos impactos da pandemia sobre o poder de compra e a renda das famílias em âmbito nacional.
Além disso, o indicador de junho deste ano do Espírito Santo ficou acima das médias nacional (100,8) e do Sudeste (101,6). O dado indica que, mesmo em um contexto nacional de maior cautela no consumo, as famílias capixabas mantêm sua demanda.
As análises são do Connect Fecomércio-ES (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo), com base nos dados do ICF, disponibilizados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O levantamento apontou ainda que, nos últimos três anos, as famílias capixabas demonstram satisfação (ICF superior a 100 pontos) com seu nível de consumo e suas perspectivas profissionais.
Outro ponto do estudo que chama a atenção é que um dos subíndices que compõem o ICF, o Nível de consumo atual, atingiu, em junho, o maior registro no mês desde o início da série histórica, em 2015, quando marcou 91,8 pontos.
“Apesar de estar abaixo do nível de satisfação (100 pontos), esse resultado indica o menor grau de insatisfação registrado em junho nos últimos 10 anos, isto é, desde o início da pesquisa (ICF). Isso sinaliza que, no Espírito Santo, a percepção das famílias em relação ao consumo atual é a mais elevada para o mês ao longo da última década”, explicou o coordenador de pesquisa do Observatório do Comércio, o Connect Fecomércio-ES, André Spalenza.
Vale lembrar que, dos nove subíndices do ICF, seis estão acima de 100 pontos – com grau de satisfação do consumidor. Além disso, cinco subíndices do ICF capixaba têm indicadores maiores do que os nacionais.
“Outro dado relevante na pesquisa demonstra que, enquanto famílias de menor renda (abaixo de 10 salários mínimos, ou seja, R$ 15.180) apresentam maior sensibilidade a preços e crédito, as de maior renda preservam o consumo de bens duráveis, que são mais caros. Isso indica que ações promocionais voltadas ao público de até 10 salários mínimos devem focar em formas de pagamento e custo-benefício, enquanto o público de renda mais alta pode ser mais receptivo à diferenciação de valor”, ressaltou Spalenza.
O levantamento completo, com os dados detalhados, pode ser acessado no site https://portaldocomercio-es.com.br.
Sobre o Sistema Fecomércio-ES A Fecomércio-ES integra a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e representa 405.455 empresas, responsáveis por 58% do ICMS arrecadado no estado e pelo emprego de 652 mil pessoas. Com mais de 30 unidades, tendo ações itinerantes e presente em todos os municípios capixaba – seja de forma física ou on-line –, o Sistema Fecomércio-ES atua em todo o Espírito Santo. A entidade representa 24 sindicatos empresariais e tem como missão contribuir para o desenvolvimento social e econômico do estado. O projeto Connect é uma parceria entre Fecomércio-ES e Faesa, com apoio do Senac-ES, Secti-ES, Fapes e Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI). fonte Fecomércio-ES – Kelly Kalle
O jogo contra o Chelsea FC na terça-feira, 8 de julho, no Estádio MetLife, definirá se o Fluminense disputará a grande final em Nova York-Nova Jersey no dia 13. No entanto, uma verdade é absoluta e incontestável: o Tricolor das Laranjeiras já fez história. Em entrevista à FIFA, Renato disse que a campanha de seu elenco e dos outros três clubes brasileiros ajudou a resgatar o respeito global pelo futebol que se pratica no país.
Renato: Muita gente não acreditava na gente, e hoje nós somos semifinalistas. Hoje, o Fluminense está entre os quatro melhores times do mundo. Eu sempre falo para eles que a gente não pode deixar para amanhã o que pode fazer hoje, porque não sabe quando vai ter outra oportunidade igual a essa. Então a gente precisa fazer história – e está fazendo história. Mas a gente não quer parar por aqui, não. Com todo o respeito ao Chelsea. Vamos entregar tudo na parte psicológica, física, técnica, tática… é hora de se doar, porque muita gente não acreditava, e hoje nós somos semifinalistas.
Você já consegue sonhar com o título?
A gente tem de continuar sonhando, mas degrau a degrau. Foi assim desde que chegamos aqui. Nós queremos ser campeões, mas a gente sabe o quanto é difícil. O objetivo do Chelsea é o mesmo que o nosso, passar para a final. Nós vamos medir forças com eles, com todo o respeito. E aí, sim, a gente poderia começar a pensar em título.
Quando você chegou ao Fluminense em abril e começou os preparativos para o Mundial, já achava que seria possível chegar tão longe?
Eu sempre confiei no meu grupo, mas a gente foi descobrindo durante o Mundial. Porque é difícil competir com os clubes europeus financeiramente. Isso não faz com que sejam 100% vencedores, o futebol é decidido dentro das quatro linhas, mas quando você forma um grupo forte, um time bom, com jogadores de seleções, as suas possibilidades de vencer são maiores. Mas a gente provou que mesmo sendo ‘Patinho Feio’, como costumo falar, o que vale são as atitudes em campo. Desde que nós chegamos aos EUA, eu falei para eles: ‘a gente não veio aqui para passear’. Vamos respeitar todo mundo, a gente sabe o quanto é difícil, mas nós temos de acreditar na gente. Eu tenho trabalhado essa parte psicológica na cabeça deles. A gente está aqui e precisa se entregar, precisa competir. Em campo, são 11 contra 11. As possibilidades dos europeus são maiores, mas o que vale são as atitudes em campo, e essa entrega está sobrando no meu grupo. É nisso que eu levo fé. Vamos continuar acreditando e fazendo história.
Thiago Silva é ídolo de três dos quatro semifinalistas do Mundial. A experiência dele pesa muito nesta campanha histórica do Fluminense?
Sim, sem dúvida alguma. É um cara que já disputou várias edições de Copa do Mundo da FIFA™ e passou vários anos na Europa, nos grandes clubes. É um monstro. Tem uma experiência enorme, é um treinador dentro do campo. Taticamente, ele conduz os companheiros e opina sobre esses grandes adversários porque já os enfrentou. Por tudo o que vem jogando, apesar da idade [40 anos], Thiago Silva poderia ainda disputar a Copa do Mundo da FIFA 26™.
Vamos falar do Fábio, outro veterano que vem fazendo um grande torneio. Quando você se aposentou dos gramados, em 1999, ele estava no segundo ano como profissional – vocês poderiam até ter se enfrentado. E ele já salvou o Fluminense tantas vezes, não é?
Cara, ele é sensacional em todos os sentidos. É trabalhador, um grande profissional, um dos líderes do grupo. Fábio tem nos salvado em muitos jogos em grandes defesas. É um cara fundamental que transmite uma tranquilidade muito grande. Ele é um dos alicerces do nosso time.
E, no ataque, o que dizer de Jhon Arias?
A cada jogo, ele tem adquirido uma confiança maior, tem recebido elogios merecidamente e com isso cresce nas partidas – porque ele assume uma responsabilidade ainda maior. Está fazendo um grande Mundial. É um jogador que preocupa sempre os adversários.
Como você descreveria o treinador Renato?
Eu procuro passar toda a minha experiência de jogador para os meus jogadores. Trabalho bastante a parte tática, mas tento não ser o tipo de treinador que decide as coisas sozinho. É lógico que a última palavra é sempre minha, mas busco conversar com os líderes do grupo. Eu gosto de escutar. Gosto de trocar ideias com eles. Quando eles compram a ideia do esquema junto com o treinador, pode ter certeza de que os jogadores se entregam mais em campo. Essa liberdade é fundamental. Eu gosto que os jogadores se sintam à vontade e valorizados, entendeu? Para trocar ideias comigo.
Qual mensagem essa campanha do Fluminense deixa para o mundo?
Com dinheiro você faz grandes plantéis e aumenta as chances de ganhar uma competição. Mas o que vale são as atitudes em campo, a entrega dos jogadores e o diálogo do treinador com o elenco. Mas acho que a maior mensagem que o Fluminense está deixando é para continuarem respeitando – ou voltarem a respeitar – o futebol brasileiro. Pelo que o Fluminense vem fazendo no Mundial, e também Botafogo, CR Flamengo e SE Palmeiras, nós resgatamos os olhares do mundo para o futebol brasileiro com confiança. Fonte e foto FIFA
Matrículas têm início nesta segunda-feira (07) e seguem até o dia 17 de julho.
O Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran|ES) divulgou, nesta segunda-feira (07), candidatos suplentes na primeira fase do programa CNH Social 2025. São 1.125 novos contemplados que não foram selecionados inicialmente, mas que, agora, podem garantir a carteira de habilitação de forma gratuita por meio do programa. Confira a lista de suplentes.
As matrículas têm início nesta segunda-feira (07) e seguem até o dia 17 de julho. Para saber se foi contemplado, basta acessar o banner do programa que está disponível do site www.detran.es.gov.br. O contemplado deve clicar na aba do programa “CNH Social”, localizada à esquerda do site, seguir no link de matrícula e preencher o formulário com os dados solicitados. Após a realização da matrícula, o candidato deverá se dirigir à autoescola indicada para realizar a abertura do processo de habilitação.
A chamada única de suplentes tem como objetivo o melhor aproveitamento de todas as vagas ofertadas pelo Governo do Estado. Os candidatos são convocados em ordem de classificação para preencher as vagas não ocupadas pelos selecionados na primeira etapa do programa por descumprimento das normas estabelecidas para a realização do processo de Habilitação.
Caso o candidato seja contemplado e não realize a matrícula pelo site do Detran|ES, esse será desclassificado, perderá o benefício e ficará impedido de realizar nova inscrição no programa CNH Social pelo período de três anos. Por isso, fique atento aos prazos estabelecidos pelo órgão.
Passo a passo
Os suplementes contemplados com o nome na lista devem fazer a matrícula exclusivamente no site www.detran.es.gov.br. Em seguida, deve se dirigir à autoescola indicada de forma presencial em até 15 dias corridos, para concluir a abertura do Processo de Habilitação.
Após a abertura do processo, o beneficiado terá 30 dias corridos para realizar a biometria em uma agência do Detran|ES, sem necessidade de agendamento. Deverá também fazer os exames na Clínica e/ou no Laboratório informado pela autoescola, mediante agendamento.
O Detran|ES alerta aos candidatos que o processo de habilitação tem validade de um ano a contar da data da abertura na autoescola. Caso ultrapasse esse prazo, o candidato será considerado desistente, terá seu processo cancelado e ficará impedido de participar dos editais do Programa CNH Social pelo período de cinco anos.
CNH Social 2025
Em 2025, o programa CNH Social está ofertando sete mil vagas, divididas em duas fases (3.500 vagas em cada fase), para possibilitar o acesso de forma gratuita às pessoas de baixa renda à Primeira Habilitação nas categorias A (moto) ou B (carro); e, para aqueles que já são habilitados, à adição de Categoria A ou B e a mudança de Categoria D (van, micro-ônibus, ônibus) ou E (caminhão e carreta).
A seleção dos candidatos é realizada de forma eletrônica, sem interferência humana, de acordo com os critérios do programa e com base nas informações fornecidas pelos próprios beneficiários no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), considerando a menor renda per capita, maior número de componentes no grupo familiar, candidatos com Ensino Fundamental completo, beneficiário do Bolsa Família e data e hora de inscrição.
Os candidatos selecionados no Programa CNH Social realizam todo o processo de habilitação até a obtenção da CNH gratuitamente. O beneficiário tem direito aos procedimentos de captura biométrica na agência do Detran|ES; exames médicos e psicológicos em clínica credenciada ao Detran|ES; um exame toxicológico para as categorias D ou E em laboratório credenciado à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran); aulas teóricas e práticas na autoescola; três reprovações, seja na prova teórica ou prática; duas aulas extras (em caso de reprovação na prova prática, apenas o candidato que não reprovou na prova teórica terá direito). Em caso de falta, o candidato deverá pagar a taxa de remarcação da prova e as taxas cobradas pela autoescola.
O programa do Governo do Estado, por meio do Detran|ES, oferece formação, qualificação e habilitação profissional, de forma gratuita, para pessoas de baixa renda a partir da obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O intuito do CNH Social é promover inclusão e oportunidades no mercado de trabalho.
O valor é R$ 8 bilhões maior em relação à safra anterior. foto MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta terça-feira (1º), o Plano Safra 2025/2026, com R$ 516,2 bilhões para o financiamento da agricultura e da pecuária empresarial no país. O crédito vai apoiar grandes produtores rurais e cooperativas com R$ 447 bilhões, e produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) com R$ 69,1 bilhões.
O crédito de custeio também poderá ser destinado à produção de sementes e mudas de essências florestais, nativas ou exóticas, e ao reflorestamento, com o objetivo de valorizar iniciativas voltadas à preservação ambiental. Ainda nesse contexto, será permitido o financiamento de culturas de cobertura, que ajudam a preservar o solo entre uma safra e outra.
Durante evento no Palácio do Planalto, Lula afirmou que a produtividade agrícola do Brasil está diretamente ligada à capacidade de proteção ao meio ambiente. Para ele, essa compreensão deve permear todo o setor e a sociedade, colocando o país como líder na produção de alimentos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa do lançamento do Plano Safra 2025/26, no Palácio do Planalto Marcelo Camargo/Agência Brasil
“O grande sucesso não é só o aumento da capacidade produtiva ou o aumento da quantidade de mercados que nós conseguimos. O grande sucesso é um aprendizado de todos nós. É o aprendizado de que fazer a preservação adequada e necessária ao país, de preservar os nossos rios e os nossos mananciais, de recuperar a terra degradada, a gente vai percebendo, com o tempo, que está produzindo mais em menos hectares”, disse, lembrando que o país ainda tem 40 milhões de hectares de terras degradadas.
“A gente está ganhando mais porque aumentou a qualidade dos produtos que nós estamos plantando, por conta dos avanços genéticos e tecnológicos. E a gente está percebendo que o mundo tinha ojeriza ao Brasil, que era conhecido como país do desmatamento, o país do fogo, do desrespeito. E é essa compreensão que a sociedade brasileira, os empresários, o pequeno e médio agricultor foram tendo que permite que o Brasil passe a ser um país respeitado e, cada vez mais, as pessoas têm menos medo da gente”, acrescentou.
Do total disponibilizado neste Plano Safra, R$ 414,7 bilhões serão para custeio e comercialização e R$ 101,5 bilhões para investimentos. As taxas de juros para custeio e comercialização serão de 10% ao ano para os produtores do Pronamp e de 14% ao ano para os demais produtores. Já para investimentos, as taxas de juros variam entre 8,5% ao ano e 13,5% ao ano, de acordo com o programa.
“Os produtores que adotarem práticas sustentáveis terão acesso a condições diferenciadas, como juros reduzidos”, destacou o governo.
O governo prorrogou para o período de 1º de julho de 2025 a 30 de junho de 2026 a aplicação do desconto de 0,5 ponto percentual na taxa de juros das operações de crédito rural de custeio. A medida vale para produtores enquadrados no Pronamp e para os demais produtores que investirem em atividades sustentáveis, respeitados os limites definidos em cada instituição financeira para o ano agrícola.
Sustentabilidade
Também a partir deste ano, o crédito rural de custeio agrícola passa a exigir as recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), ferramenta que identifica áreas e épocas de plantio com menor risco de perdas devido a eventos climáticos adversos.
Anteriormente, a exigência era restrita a operações de até R$ 200 mil contratadas por pequenos agricultores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) com enquadramento no seguro rural do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). Agora, ela se estende a financiamentos acima desse valor e a contratos em que o Proagro não é exigido.
“O objetivo é evitar a liberação de crédito fora dos períodos indicados ou em áreas com restrições, e contribuir para maior segurança e sustentabilidade na produção”, explicou o governo. A exceção é para os casos em que não houver zoneamento disponível para o município ou para a cultura agrícola financiada.
O subprograma RenovAgro Ambiental, voltado a práticas agropecuárias ambientalmente sustentáveis, passa a contemplar ainda ações de prevenção e combate a incêndios no imóvel rural, além de recuperação de áreas protegidas. Entre as novidades, está a possibilidade de uso dos recursos para a aquisição de caminhões-pipa ou carretas-pipa e, entre os itens financiáveis, mudas de espécies nativas para a reposição e recomposição de áreas de preservação permanente e reservas legais.
Outras ações
Uma das novas possibilidades do Plano Safra é a ampliação do limite de renda para enquadramento no Pronamp, que passou de R$ 3 milhões para R$ 3,5 milhões por ano, permitindo que mais produtores tenham acesso às condições diferenciadas oferecidas pelo programa.
Outra mudança na edição deste ano do plano é a autorização para o financiamento de rações, suplementos e medicamentos adquiridos até 180 dias antes da formalização do crédito, o que flexibiliza o acesso aos insumos.
Já os programas voltados à modernização e inovação tecnológica no campo ─ ModerAgro e InovAgro ─ foram unificados para simplificar o acesso ao crédito. Com isso, segundo o governo, houve aumento do limite disponível para investimentos em granjas, possibilitando que essas estruturas se mantenham sempre atualizadas em relação à sanidade animal.
O programa de armazenagem (PCA) também foi ampliado. O limite de capacidade por projeto passou de 6 mil para 12 mil toneladas, com o objetivo de melhorar a infraestrutura de estocagem e escoamento da produção rural.
Além disso, o novo ciclo do Plano Safra traz medidas para facilitar a renegociação de dívidas, oferecendo aos produtores que enfrentaram dificuldades em safras anteriores mais flexibilidade para reorganizar passivos e retomar o fluxo produtivo.
Complementando os valores para o setor rural, nesta segunda-feira (30), Lula anunciou o Plano Safra da Agricultura Familiar, com R$ 89 bilhões em recursos e taxas de juros menores [] para o financiamento de pequenos produtores na produção de alimentos, aquisição de máquinas e práticas sustentáveis, como bionsumos, sociobiodiversidade e transição agroecológica. fonte ANDREIA VERDÉLIO – REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL
A segurança pública de Colatina acaba de receber um importante reforço. Em uma parceria entre municípios, a Prefeitura de Vila Velha doou 50 pistolas calibre .40 para a Guarda Civil Municipal de Colatina foto secom PMC
A Prefeitura de Vila Velha fez a doação de 50 pistolas Taurus, de calibre .40, à Guarda Civil Municipal de Colatina, com o objetivo de reforçar a segurança na cidade. A doação foi realizada por meio de um convênio firmado entre os dois municípios. Recente o armamento da Guarda Municipal de Vila Velha (GMVV) foi modernizado com a aquisição de 300 pistolas Glock, calibre .40. Com a troca do equipamento, parte do armamento que era usado pelos agentes da GMVV foi doado para Colatina.
A entrega do armamento ocorreu nessa segunda-feira (30), na sede da Prefeitura de Colatina, com a presença de autoridades, incluindo o Prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (PODE/ES); o Prefeito de Colatina, Renzo Vasconcelos (PSD/ES); e o Deputado Federal, Victor Linhalis (PODE/ES).
Também estiveram presentes o Secretário de Defesa Social e Trânsito de Vila Velha, Rogério Gomes; o Secretário de Trânsito e Transporte e Segurança de Colatina, Eliomar Dias; e as Comandantes das Guardas Municipais de Vila Velha e de Colatina, Landa Marques e Regina Stefenoni.
O prefeito Arnaldinho Borgo afirmou que essa doação irá reforçar o trabalho dos agentes.
“Segurança pública exige investimento, tecnologia e gestão moderna. É gratificante poder contribuir com Colatina nesse processo de modernização da sua Guarda Municipal. Estamos entregando equipamentos que irão fortalecer o trabalho de uma equipe capacitada e dedicada. Com a parceria entre os municípios, quem ganha é a população, que pode contar com profissionais preparados nas ruas”, afirmou.
O prefeito Renzo Vasconcelos, por sua vez, ressaltou a importância dessa doação, não apenas pelos novos equipamentos, mas pelo fortalecimento das políticas de segurança pública. “Investir em segurança é investir no bem-estar da nossa população. Com essa doação, estamos garantindo que nossos agentes tenham as ferramentas necessárias para atuar com responsabilidade. Agradeço ao prefeito Arnaldinho Borgo por essa parceria”, disse Renzo.
O Major Rogério Gomes, secretário de Defesa Social e Trânsito de Vila Velha, também comentou sobre a relevância da doação. “A Guarda Municipal de Colatina foi capacitada para atuar com o novo armamento e utilizá-lo de forma responsável, sempre em defesa da ordem e da segurança pública”, afirmou.
A comandante da GMVV, Landa Marques, destacou a importância da colaboração entre as corporações para o fortalecimento da segurança pública. “No ano passado, a Guarda Municipal de Vila Velha realizou o curso de formação de 36 agentes da GM de Colatina. É uma alegria ver a evolução dos irmãos de farda. Com a guarda armada, a população estará mais segura”, concluiu. FONTE SECOM PVV
Manifestantes também pediam anistia a condenados do 8 de janeiro; foto ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL
Com o mote de “Justiça Já”, uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu apoiadores do ex-presidente da República Jair Bolsonaro. O ato protesta principalmente contra o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual o ex-chefe do Executivo é acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado em 2022. Há apenas dois dias, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, abriu prazo para as alegações finais do processo que investiga a trama golpista.
Durante o ato realizado na tarde deste domingo (29), os manifestantes também exibiram faixas pedindo anistia aos condenados pelo STF pelos ataques de 8 de janeiro às sedes dos Três Poderes, além de bandeiras de apoio a Israel e aos Estados Unidos.
Além de Bolsonaro, o ato contou com a presença do pastor evangélico Silas Malafaia, principal organizador do ato, e dos governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais) e Jorginho Mello (Santa Catarina). Todos eles subiram ao caminhão de som que foi posicionado ao lado do Parque Trianon, no cruzamento entre a Avenida Paulista e a Rua Peixoto Gomide.
Vestidos de verde e amarelo, os apoiadores do ex-presidente estiveram concentrados na tarde deste domingo em apenas um quarteirão da Avenida Paulista, em frente ao Parque Trianon, entre a Rua Peixoto Gomide ─ onde estava o caminhão com as autoridades ─ e o Museu de Arte de São Paulo (Masp). Havia também uma concentração de apoiadores em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Conforme o Monitor do Debate Político do Cebrap e a ONG More in Common, o ato contou com 12,4 mil pessoas. O cálculo é feito por imagens capturadas por drones e softwares de inteligência artificial, que calculam a quantidade de manifestantes. O mesmo método foi utilizado no ato anterior do ex-presidente, em 6 de abril, quando foi registrada a presença de 44,9 mil pessoas na avenida Paulista.
Discursos
Saudado com gritos de “mito”, o ex-presidente subiu ao palco para pedir aos seus apoiadores que ajudem a eleger 50% da Câmara e do Senado nas eleições de 2026 para “mudar o Brasil”. Segundo o ex-presidente, se a direita quer que o “nosso time seja campeão, temos que investir e acreditar” e entender que “as coisas não acontecem de uma hora para outra”.
Em seu discurso, o ex-presidente também defendeu a anistia aos manifestantes condenados pelos atentados do 8 de janeiro. “Apelo aos três poderes da República para pacificar o Brasil. Liberdade para os inocentes do 8 de janeiro”, falou. Segundo ele, a anistia “é um remédio previsto na Constituição” e o caminho para a pacificação.
Antes de Bolsonaro, também discursaram o pastor Silas Malafaia e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o mais aplaudido pelo público durante o ato.
Em seu discurso, Malafaia criticou as prisões determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes durante o processo que investiga a tentativa de golpe no dia 8 de janeiro e chamou o ministro de ditador. Ele também criticou o fato de a investigação sobre Bolsonaro estar baseada em delações do ex-ajudante de Bolsonaro, o coronel Mauro Cid.
“Ele [Moraes] pensou rápido: se eu prender o coronel [Mauro] Cid, a delação dele cai, e se a delação dele cai, toda a sustentação da denúncia do PGR [Procurador-Geral da República] Paulo Gonet, que está jogando a reputação dele na lata do lixo, está sustentada na delação fajuta do coronel Cid”, disse Malafaia.
Já o governador de São Paulo defendeu a anistia aos condenados pelos ataques contra as sedes do Legislativo, Executivo e Judiciário, no 8 de janeiro, e centrou críticas no governo do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Estamos aqui para pedir justiça, anistia, pacificação e para orar pela esperança e pelo futuro”, disse ele. “Em dois anos e sete meses, [o atual governo] destruiu tudo. O Brasil não aguenta mais. O Brasil não aguenta mais o gasto desenfreado, a corrupção, o governo gastador e o juro alto. O Brasil não aguenta mais o PT”, falou o governador.
O julgamento de Bolsonaro e dos outros integrantes no núcleo 1 do processo entrou no período de alegações finais a partir de despacho do Ministro Alexandre de Moraes, publicado na última sexta-feira.
Pelo despacho, a partir da intimação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) terá o prazo de 15 dias para apresentar sua versão final dos fatos investigados. Após esse tempo, o delator do complô golpista, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, terá o mesmo tempo para apresentar suas próprias alegações finais.
Por último, as defesas dos outros sete réus da Ação Penal 2.668 terão também 15 dias para apresentar ao Supremo sua última manifestação antes do julgamento do caso pela Primeira Turma, composta por cinco ministros: além de Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
Todos os oito réus, incluindo o próprio Bolsonaro, foram denunciados pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, pelos mesmos cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Somadas, as penas podem ultrapassar os 40 anos de prisão. fonte ELAINE PATRICIA CRUZ – REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL
PSOL entrou com ação direta de inconstitucionalidade (ADI) na corte. MARCELLO CASAL JRAGÊNCIA BRASIL
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para participar na ação na qual o PSOL pretende anular as votações da Câmara dos Deputados e do Senado que derrubaram o decreto editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para aumentar as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Na manifestação enviada nesse sábado (28) ao Supremo, a Fiep pede o ingresso como amicus curiae, expressão em latim que significa amigo da corte. A participação de entidades ligadas aos temas analisados pelo Supremo é uma medida corriqueira na Corte.
Segundo a entidade, a indústria brasileira representa 25,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, é o setor que mais arrecada impostos e pode contribuir com o debate.
“A participação de entidades conhecedoras da temática deve auxiliar os julgadores, entre outros modos, por meio da identificação de precedentes, das razões de decidir adotadas nos casos anteriores e da evolução da discussão sobre a matéria nos âmbitos jurídico, social e prático, trazendo aos julgadores fatos relevantes sobre a configuração da produção e das relações de trabalho na atualidade”, argumenta a federação.
O partido, que faz parte da base do governo, reconhece que a Constituição autoriza o Congresso a sustar medidas do Executivo. Contudo, a legenda diz que a suspensão só pode ocorrer nos casos em que houver exorbitância do poder regulamentar do presidente da República.
Segundo a legenda, o decreto apenas alterou as alíquotas do IOF, “não havendo qualquer desrespeito ao limite de atuação normativa”.
“O Congresso Nacional, ao sustar o Decreto nº 12.499/2025, por meio do DL 176/2025, sem a devida demonstração de exorbitância de poder normativo, violou os próprios limites fixados no art. 49, V, da Constituição. O STF, inclusive, já declarou inconstitucional decreto legislativo editado nessas mesmas condições, como se verifica no julgamento da ADI 5744”, argumenta o partido.
A ação foi distribuída para o ministro Gilmar Mendes. No entanto, o ministro afirmou que o caso deve ser analisado por Alexandre de Moraes, que já atua como relator de outras ações sobre a questão. Caberá ao presidente do STF, Luís Roberto Barroso, dar a palavra final sobre quem vai comandar o processo.
Decreto
O decreto fazia parte de medidas elaboradas pelo Ministério da Fazenda para reforçar as receitas do governo e atender às metas do arcabouço fiscal. No fim de maio, o presidente Lula editou um decreto que aumentava o IOF para operações de crédito, de seguros e de câmbio. Diante da pressão do Congresso, o governo editou, no início de junho uma medida provisória com aumento de tributos para bets (empresas de apostas) e para investimentos isentos.
A medida provisória também prevê o corte de R$ 4,28 bilhões em gastos obrigatórios neste ano. Em troca, o governo desidratou o decreto do IOF, versão que foi derrubada pelo Congresso nesta semana. fonte ANDRÉ RICHTER – REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL
Cantor e compositor completaria 80 anos sábado, dia 28/06. foto ACERVO DISCOGS
Com uma obra musical composta por 17 discos e mais de 300 músicas, lançados durante 26 anos de carreira, Raul Seixas completaria neste sábado (28) 80 anos de vida. Considerado pai do rock brasileiro e cultuado por sucessivas gerações, o soteropolitano era um adolescente quando o rock surgiu no cenário musical, nos anos 50, e chegou ao Brasil. Influenciado e fascinado por toda a efervescência cultural da época, o artista criou um estilo próprio, combinando o ritmo ao baião, com referências a Elvis Presley.
A lista de canções memoráveis de Raul Seixas é longa, com letras contestadoras valorizam a crítica social e a liberdade individual: Maluco Beleza, Metamorfose Ambulante, Ouro de Tolo, Eu nasci há 10 mil anos atrás, Sociedade Alternativa, Gita, Cowboy fora-da-lei, Tente outra Vez, Medo da Chuva, O trem das 7, Capim Guiné, Como vovô já dizia, Carimbador maluco, Al Capone, Mosca na sopa, Meu amigo Pedro, O dia em que a Terra parou, S.O.S., Aluga-se, Eu também vou reclamar.
Segundo o pesquisador de música popular e cultura e professor na Universidade Mackenzie, Herom Vargas, o sucesso de Raul Seixas demorou a acontecer. Ainda em Salvador, formou sua primeira banda, os Panteras, na época da Jovem Guarda, no final dos anos 1960. O grupo conheceu o cantor Jerry Adriani, que os convidou para ir ao Rio de Janeiro. Rebatizada de Raulzito e os Panteras, a banda gravou então seu primeiro disco. O pesquisador conta que essa foi a primeira tentativa de atingir um público mais amplo e nacional.
“É claro que, em Salvador, ele já era conhecido, mas, no Rio e no resto do Brasil, ainda não. Só que o disco não fez sucesso, e uma parte da banda voltou para Salvador, enquanto ele continuou no Rio, sem nenhum dinheiro. Aquilo que ele fala na música Ouro de Tolo é verdade. Ele passou um perrengue no Rio de Janeiro”, explicou Vargas.
Em seguida, Raul foi produtor na gravadora CBS, e esse período durou até surgir uma nova oportunidade para que se unisse a mais três cantores: Miriam Batucada, Sérgio Sampaio e Edy Star. “E esses quatro fizeram um disco chamado Sociedade da Grã Ordem Kavernista apresenta Sessão das 10. É um disco de 71. Um disco experimental, difícil de de ouvir, que obviamente não fez sucesso. Essa foi a segunda tentativa”.
Raul Seixas continuou trabalhando, e em 1972, se inscreveu no Festival Internacional da Canção, com a a música Let Me Sing, Let Me Sing. Ele não ganhou o festival, mas a música teve alguma repercussão, abrindo as portas de outra gravadora, a Philips Records, na qual lançou um compacto com Ouro de Tolo. Logo depois, veio seu primeiro disco solo, o Krig-ha, Bandolo!, de 1973.
“Esse é um disco clássico que, ainda hoje em dia, é um dos que sempre aparecem nas listas dos melhores discos da música brasileira. Tem Mosca na Sopa, Rockixe, As minas do Rei Salomão e uma série de de músicas bem legais do Raul. Foi aí que ele ficou conhecido nacionalmente. Batalhando desde 66, 67, só chegou no grande público em 73. É uma história bem interessante esse início de carreira, os perrengues todos, e as idas e vindas de um compositor e de um cantor. Ainda bem que deu certo”, disse Vargas.
O compositor também explorou temas como misticismo, filosofia e contracultura, expressos em sua parceria com Paulo Coelho, principalmente no início da década de 1970. Já Cláudio Roberto foi o parceiro mais frequente de Raul depois da fase com Paulo Coelho, com a composição de mais de 50 músicas ─ com 31 delas gravadas entre 1975 e 1988. Raul ainda teve como parceiros Marcelo Motta, em canções como A Maçã e Se Ainda Existe Amor; e Marcelo Nova, no álbum A Panela do Diabo, em 1989, marcando uma parceria importante no final da carreira de Raul.
Ocultismo e misticismo
Ao contrário do que muitos pensam, Raul Seixas nunca teve um vínculo propriamente dito com o misticismo ou com o ocultismo, sendo apenas um estudioso desses temas, disse o fã e amigo Sylvio Passos.
“Com o ocultismo, ele tinha lá suas reservas e olhava sempre com um olhar mais filosófico do que propriamente devoto, ocultista ou qualquer coisa desse sentido. O ocultista, na verdade, era o Paulo Coelho, que sempre foi um cara ligado mais a questões religiosas, metafísicas e tal. O Raul, não. O Raul era anarquista, como ele mesmo se definia. Uma metamorfose ambulante, um materialista dialético”.
Na definição de Passos, que acompanhou a carreira de roqueiro e se tornou amigo do cantor, da família e de amigos, Raul Seixas tratava de temas complexos sendo um cantor popular, um ‘cara’ do rock e da música brasileira como um todo. Isso imprimia a ele a singularidade e a importância dentro de todo cenário artístico brasileiro, já que ele trazia esses temas “para um povo que nem sequer lia”.
“O mais curioso é que o Raul, sendo materialista dialético, uma metamorfose ambulante, a obra toda carrega uma pluralidade. Raul era plural, um investigador da história da humanidade, de por que o ser humano é o que é, por que se comporta da maneira que com se comporta. Ele olhava para o mundo, absorvia tudo isso e transformava em música. Ele dizia o seguinte: ‘se você quer me conhecer de fato, ouça meus discos, eu estou inteiro lá’”, afirmou Passos.
Segundo Passos, a transição da carreira de Raul Seixas, ao passar da pessoa que amava Elvis Presley e se inspirava nele para outra fase, se enquadra em um processo evolutivo comum a todos os seres humanos. Para o fã e amigo, a loucura por Elvis Presley pode ter sido o gatilho para que ele se tornasse o adolescente questionador, que chegou no adulto que, com 27 anos de idade, gravou seu primeiro disco.
“E com aquilo que ele coloca em todas as faixas e continua dali para frente. Então, tem toda essa cronologia do ser humano, do indivíduo, que vai evoluindo, e de alguma forma melhorando ou piorando. O Raul sempre foi melhorando, sempre mais questionador, sempre mais voltado para si mesmo, tentando entender o que acontecia no mundo e no seu entorno”.
Raul Seixas enfrentou o alcoolismo e teve vários problemas de saúde provocados pela doença, como diabetes, hipertensão, problemas no fígado e a pancreatite que o levou à morte, em 1989, aos 44 anos, vítima de uma parada cardíaca. Ele foi encontrado morto no apartamento em que vivia, em São Paulo.
Passeatas
Desde então, fãs e admiradores da obra reúnem-se anualmente na data para a conhecida Passeata Raulseixista em homenagem ao cantor e compositor. A concentração geralmente acontece em frente ao Theatro Municipal de São Paulo.
A assessora de imprensa Mayara Grosso, 30 anos, começou a participar do evento aos 8 anos de idade, levada pelos pais, fãs do cantor. Familiarizada com a obra, já que seu irmão mais velho ouvia os discos com frequência, ela cresceu frequentando a passeata anualmente e conhecendo muitos dos fãs que se tornaram amigos de sua família.
Foi daí que surgiu a ideia de, como trabalho de conclusão de curso, escrever um livro-reportagem chamado A Semente da Nova Idade, que aborda a trajetória de Raul Seixas, com ênfase na passeata raulseixista.
“Durante esse processo, eu fui descobrindo e entendendo a história de muitos fãs. Além de uma celebração de Raul, virou também um grande encontro de amigos. É onde a galera se encontra. Então, vem muita gente de muitos estados, cidades diferentes e acaba virando um grande culto. É uma emoção muito particular para cada um, porque Raul Seixas representa muita coisa. Para mim, representa família. É uma memória que pega bastante, porque meu pai já faleceu e gostava muito de ir à passeata”.. fonte FLÁVIA ALBUQUERQUE – REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL