Eleições dos EUA: Volatilidade e perspectivas econômicas com Kamala Harris

O atual cenário político dos EUA apresenta uma volatilidade considerável devido à possível substituição de Joe Biden por Kamala Harris como candidata presidencial do Partido Democrata. A falta de confirmação definitiva dessa mudança contribui para a incerteza nos mercados, o que acaba favorecendo, em certa medida, o candidato republicano Donald Trump. A liderança democrata enfrenta um impasse, e, enquanto não houver clareza sobre a candidatura de Harris, a volatilidade deve persistir.

Kamala Harris, como ex-vice-presidente, já sinalizou em diversos discursos uma abordagem econômica mais expansionista. Duas de suas principais propostas são o aumento do salário mínimo e maiores investimentos em infraestrutura. Ambas as medidas implicam em um aumento significativo dos gastos públicos, configurando uma política fiscal expansionista. Essa expansão fiscal tem o potencial de pressionar a inflação, uma vez que o aumento nos gastos públicos eleva a demanda agregada.

A política monetária, sob a alçada do Federal Reserve (Fed), teria que responder a essas pressões inflacionárias. Em um cenário de inflação crescente, o Fed pode ser obrigado a aumentar as taxas de juros para controlar a inflação. Essa situação cria um ambiente desafiador onde a política monetária e a política fiscal podem estar em desacordo, com o governo federal aumentando os gastos enquanto o Fed busca conter a inflação.

No curto prazo, essa incerteza e volatilidade podem gerar cautela entre os investidores, que preferem esperar por mais clareza antes de fazer movimentos significativos. A perspectiva de uma política fiscal expansionista de Harris pode levantar preocupações sobre a inflação e, consequentemente, sobre aumentos nas taxas de juros, resultando em maior volatilidade nos mercados de ações e de títulos.

No entanto, é importante lembrar que a economia americana é robusta e resiliente. A médio e longo prazo, espera-se uma estabilização. Investimentos em infraestrutura podem impulsionar o crescimento econômico e aumentar a produtividade no longo prazo. A elevação do salário mínimo também pode estimular o consumo, impulsionando a economia.

Mesmo diante de uma política fiscal expansionista, o Fed dispõe de ferramentas para ajustar a política monetária conforme necessário para manter a estabilidade econômica. Portanto, embora o cenário atual possa ser volátil a curto prazo, o mercado tende a se estabilizar a longo prazo, à medida que novas políticas são implementadas e os agentes econômicos se adaptam às novas condições.

*Yvon Gaillard é cofundador e CEO da Dootax, primeira plataforma de automação fiscal do Brasil. Com mais de 15 anos de atuação no mercado, o executivo é um dos principais personagens na revolução do sistema fiscal do país. Economista formado pela FAAP e com MBA pela Business School São Paulo, liderou projetos em empresas como Gol Linhas Aéreas e Thomson Reuters.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *