O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou, ontem sexta-feira (05/12), que será o nome da família na disputa à Presidência da República, no ano que vem. Ele assegurou a aliados que a decisão foi tomada pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o orientou a viajar pelo país para consolidar a pré-candidatura. A escolha foi definida na última terça-feira, após Flávio visitar o pai na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde cumpre pena de 27 anos de prisão por liderar uma conspiração golpista.

O senador Flávio Bolsonaro afirmou que recebeu o aval do pai para candidatura na terça-feira (02/12) – (foto: Carlos Moura/agência senado).
“É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação. Eu não posso, e não vou, me conformar ao ver o nosso país caminhar por um tempo de instabilidade, insegurança e desânimo. Eu não vou ficar de braços cruzados enquanto vejo a esperança das famílias sendo apagada e nossa democracia sucumbindo”, anunciou Flávio, em uma rede social.
No texto, em que cita Deus seis vezes, Flávio Bolsonaro dá indicações sobre temas prioritários que devem mobilizar sua pré-campanha, ao dizer que “aposentados são roubados pelo próprio governo, narcoterroristas dominam cidades e exploram trabalhadores, estatais voltaram a ser saqueadas, novos impostos não param de ser criados ou aumentados, e nossas crianças não têm expectativas de futuro”.
O senador deve coordenar, em nome do bolsonarismo, as negociações para a montagem dos palanques estaduais com outras forças políticas. A escolha de seu sucessor era esperada há meses por aliados de Jair Bolsonaro, desde que ele ficou inelegível por decisão da Justiça Eleitoral em processo de abuso do poder político e econômico. Agora, é da prisão — e por meio de quem o visita — que o ex-presidente acompanha a disputa intrafamiliar pelo espólio político dele e dispara comandos para seus seguidores.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também era apontada como nome possível da ala bolsonarista no pleito presidencial. Ela e Flávio chegaram a divergir publicamente, na semana passada, por causa da aliança que o PL negociava no Ceará com o ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) — com apoio dos quatro filhos do ex-presidente — para enfrentar o governador Elmano de Freitas (PT), favorito à reeleição em 2026 segundo todas as pesquisas de intenção de votos até agora. Prevaleceu a posição de Michelle, contrária ao apoio a Ciro.
De acordo com colegas de partido, Jair Bolsonaro pediu que Flávio, ao percorrer o país, assuma postura mais combativa em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve disputar a reeleição. O objetivo é reavivar a polarização entre direita e esquerda que conduziu Jair à Presidência, em 2018, quando Lula estava preso em Curitiba, sem condições legais para disputar a eleição.
O deputado Eduardo Bolsonaro, que se mudou para os Estados Unidos para sair do alcance da Justiça, elogiou a escolha do pai e defendeu a pré-candidatura do irmão mais velho. “Meu irmão erguerá a bandeira dos ideais do nosso pai, será o rosto da esperança em meio ao medo; da liberdade em meio à opressão, representará todos aqueles que se recusam a se ajoelhar diante da tirania”, escreveu.