Ales debate resultados de plano de segurança rural no ES

Plano estadual de segurança rural estará em pauta / Foto: Arquivo PMES

Os resultados da implantação do Plano Estadual de Segurança Rural foram apresentados à Comissão de Agricultura em audiência pública realizada nesta terça-feira (7). A reunião teve a participação de parlamentares e representantes dos agricultores, que demonstraram preocupação com a garantia da segurança e de condições de trabalho que evitem o êxodo para as grandes cidades. 

Proponente da audiência, o deputado Coronel Weliton (PTB) destacou a defasagem do efetivo da Polícia Militar (PM), que pode atingir o seu ponto mais baixo em julho de 2024 e comprometer a segurança rural. Embora reconheça o trabalho das polícias, o parlamentar ponderou que os esforços “não foram suficientes para transmitir a sensação devida ao homem do campo.” 

Fotos da audiência pública

O discurso foi ratificado pelo presidente do colegiado, Lucas Scaramussa (Podemos), que pediu mais valorização dos profissionais. Coronel Weliton sugeriu ações como o planejamento das escalas e a contratação de policiais da reserva para reforçar o efetivo contra crimes. Segundo disse, ocorrências como roubos de bombas, eletrodomésticos, veículos, sacas de café, bem como assaltos de propriedades e sequestros são comuns, mas muitas não são registradas.

Para Júlio Rocha, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Espírito Santo (Faes), existe um motivo para a subnotificação. “O poder paralelo pede o telefone da pessoa (denunciante)”, revelou. “Se constatar que fez (denúncia), você já sabe o resultado. A pessoa é ‘apagada’”, completou. Mesmo assim, Rocha reforçou a importância de apresentar as denúncias e, mais do que isso, acompanhá-las por meio de protocolo. 

Respondendo pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) – o titular Coronel Ramalho está em viagem oficial à Coreia do Sul – o subsecretário de Integração Institucional, Coronel Marcio Celante, rechaçou qualquer tipo de interferência no processo de denúncia. 

“Precisamos utilizar uma ferramenta que nós temos, que é o Disque Denúncia 181. Totalmente sigiloso, as mensagens são criptografadas. Se eu ligar do meu celular agora para utilizar e fazer uma denúncia pelo 181, por mais que o sistema queira ou eu queira identificar quem ligou, nós não conseguiremos porque o sistema é totalmente sigiloso”, garantiu.

Resultados

Celante apresentou os resultados da implantação do Plano Estadual de Segurança Rural, lançado em março de 2022. O subsecretário também anunciou ações futuras, como a intenção de expandir o Cerco Inteligente para todo o Estado.

Em relação ao plano, o coronel disse que o documento tem quatro eixos: infraestrutura, atividades operacionais, inteligência e gestão inovadora. A Operação Colheita, um dos pontos do segundo item, apresentou como resultado parcial (até 5 de novembro deste ano) 216 prisões realizadas, 26 armas de fogo e 230 munições apreendidas. Iniciada em 24 de abril, a operação termina em 30 de novembro e contempla 72 municípios.

Sobre a Patrulha Rural, que também se insere no campo de atividades operacionais, o subsecretário citou a apreensão de 2.237 unidades de drogas (entre maconha, crack e cocaína) nas abordagens feitas junto a pessoas, carros, motos e caminhões. Os números se referem a 2022. 

Como um exemplo das ações do eixo ligado à inteligência, Celante falou sobre a atuação das polícias na explosão de caixas em agências bancárias no município de Santa Leopoldina, ocorrida em outubro de 2022. Uma operação integrada identificou, localizou e prendeu autores, houve cinco mortes de criminosos em confronto, lembrou o coronel.

Na área da gestão inovadora, ele listou a recuperação de 703 veículos, até a data de hoje, nos 290 pontos de fiscalização do Cerco Inteligente. No tocante ao teleflagrante, destacou a celeridade no atendimento e a otimização do efetivo como principais vantagens.

Delegacias rurais

O subsecretário citou ainda o trabalho das delegacias rurais. Essa iniciativa, inclusive, foi detalhada pelo titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Rurais (DERCR), em Vitória, Alysson Pereira Pequeno. Segundo ele, o objetivo da medida é fortalecer as ações contra o crime no campo e combater ocorrências como furto de gado, café, pimenta, madeira, além de problemas de invasão de terra e crimes ambientais. 

“Dentro dessa perspectiva foi criada a delegacia rural, com seus respectivos núcleos”, frisou. Ao todo, são sete delegacias do interior que trabalham de maneira integrada e estão localizadas em São Mateus, Aracruz, Linhares, Nova Venécia, Colatina, Venda Nova do Imigrante e Cachoeiro de Itapemirim. 

Também participaram da audiência os deputados Lucas Polese (PL); Dary Pagung (PSB) e Janete de Sá (PSB); o segundo-vice-presidente da Faes, Wesley Mendes; a subsecretária de Agroecologia e Produção Orgânica, Robertha Di Carvalho Bragato; e delegados responsáveis por delegacias do interior capixaba.  Fonte ales